Microbioma da rizosfera na fitossanidade de plantas
Microbioma da Rizosfera na Fitossanidade de Plantas
Definição de Comunidades Microbianas
Definimos comunidades microbianas como conjuntos de microrganismos de várias espécies que ocupam o mesmo espaço e interagem continuamente entre si e com o ambiente que habitam (KONOPKA, 2009). Esses microrganismos possuem propriedades e funções distintas, e suas interações resultam na formação de nichos ecológicos específicos. A definição mais aceita descreve essas comunidades como grupos de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos presentes em um corpo, espaço ou outro ambiente (LEDERBERG e MCCRAY, 2001).
Associação entre Comunidades Microbianas do Solo e Plantas
Comunidades microbianas frequentemente se associam ao solo onde as plantas crescem, especialmente na rizosfera, que é a zona estreita ao redor das raízes das plantas influenciada por suas secreções. Primeiramente, essas comunidades representam o maior reservatório conhecido de diversidade biológica. Além disso, elas podem impactar o sucesso de um patógeno na colonização e infecção das plantas hospedeiras (BERENDSE et al., 2012). Dependendo da interação, a influência das comunidades microbianas pode ser neutra, positiva ou negativa. Especificamente, interações neutras não alteram a funcionalidade ou aptidão das espécies envolvidas. Por outro lado, interações positivas incluem mutualismo, sinergismo e comensalismo, enquanto interações negativas podem envolver predação, parasitismo, antagonismo ou competição (BERG et al., 2020).
Microrganismos Benéficos na Rizosfera e Proteção Contra Patógenos
Estudos recentes destacam que, além dos mecanismos de defesa das plantas, o microbioma da rizosfera também protege contra patógenos e promove a saúde das plantas. Microrganismos benéficos na rizosfera competem com patógenos e promovem a diversidade microbiana para manter o equilíbrio (LI et al., 2021; BERENDSEN et al., 2012; HACQUARD et al., 2017; KWAK et al., 2018; YIN et al., 2021). Além disso, a pesquisa de Xiaolong et al. (2022) revela que a infecção por Meloidogyne incognita altera a comunidade fúngica na rizosfera, favorecendo patógenos em vez de espécies benéficas. Em contraste, fungos micorrízicos desempenham um papel crucial na interação das plantas com outros microrganismos, protegendo contra patógenos e melhorando a absorção de nutrientes (SMITH e READ, 2008; TEDERSOO et al., 2020).
A importância da comunidade microbioma radicular para a saúde das plantas, já definimos comunidades microbianas como conjuntos de microrganismos do solo, agora vamos ver sua importância
A importância do microbioma radicular para a saúde das plantas torna-se ainda mais evidente em solos supressores de doenças (BERENDSEN et al., 2012). De fato, solos podem apresentar supressão geral, reduzindo a capacidade de patógenos de infectar plantas devido à atividade microbiana total, ou supressão específica, onde microrganismos específicos tornam o solo menos propenso a uma doença particular (BERENDSEN et al., 2012).
Além disso, estudos mostram que as plantas utilizam diversas estratégias de adaptação, incluindo a capacidade de recrutar microbiomas especializados para proteção contra patógenos, promoção do crescimento e ativação de sistemas imunológicos (YIN et al., 2021). Após infecção por patógenos foliares, as plantas liberam exsudatos radiculares específicos que atraem comunidades rizosféricas benéficas para auxiliá-las na defesa (YUAN et al., 2018).
Neste contexto, Yuan et al. (2018) demonstraram que Arabidopsis pode recrutar diferentes comunidades benéficas para a rizosfera com base nos compostos dos seus exsudatos. Isso sugere que a seleção da comunidade rizosférica é influenciada pelos exsudatos produzidos pela planta, contribuindo para a defesa e resistência contra patógenos específicos.
Genótipos e comunidades microbianas
Finalmente, a comunidade microbiana da rizosfera também pode ser influenciada pelos genótipos das plantas e pelo tipo de solo. Diferentes espécies vegetais cultivadas no mesmo solo podem apresentar comunidades bacterianas distintas, enquanto a mesma espécie pode ter comunidades microbianas diferentes em solos variados (GARBEVA et al., 2008). Isso destaca a capacidade das plantas de modular a composição do microbioma da sua rizosfera, mostrando variações mesmo dentro da mesma espécie.
Referências Bibliográficas
BERENDSEN, Roeland L.; PIETERSE, Corné MJ; BAKKER, Peter AHM. The rhizosphere microbiome and plant health. Trends in plant science, v. 17, n. 8, p. 478-486, 2012.
BERG, Gabriele et al. Microbiome definition re-visited: old concepts and new challenges. Microbiome, v. 8, n. 1, p. 1-22, 2020.
Um comentário
Pingback: